sábado, 21 de maio de 2011

BRASILEIRAO 11

icy estreia no Brasileirão: quem para a sua hegemonia?

Quatro vezes campeão brasileiros nos últimos cinco anos, técnico marca época no Campeonato Nacional

Muricy (Foto: Divulgação/Santos FC) Muricy acena para a torcida do Santos: mais um título? (Foto: Divulgação/Santos FC)
Maurício Oliveira
São Paulo (SP)
Ele só falhou em 2009. Pegou o Palmeiras líder do Brasileirão, na 15 rodada, mas derrapou na reta final e viu o Flamengo ser campeão na última rodada da competição que teve ainda Internacional, São Paulo e Cruzeiro à sua frente.

Nos últimos últimos cinco anos, porém, foi o único vacilo. Mestre em pontos corridos, Muricy Ramalho conquistou o título pelo São Paulo em 2006, 2007 e 2008, quase sempre com alguns jogos por fazer, e pelo Fluminense, no ano passado.

Neste sábado, pelo Santos, o técnico começa a disputar mais um Nacional para manter sua hegemonia. Como também já fizeram Vanderlei Luxemburgo, pentacampeão em 1993, 94, 98, 2003 e 2004; Ênio Andrade, tri em 1985, 81 e 79; e Rubens Minelli, também tri entre 1975 e 77 – além de conquistar o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, em 1969, pelo Palmeiras.

A receita de Muricy é simples: trabalho; um grupo com qualidade e quantidade para suportar a maratona de 38 partidas; trabalho; comprometimento do time com a rotina de treinos, viagens, concentração e jogos; e mais trabalho, claro.

– A gente tem que melhorar nosso plantel. O Campeonato Brasileiro é um torneio muito longo. Se não tiver elenco, não tem chance alguma. Não adianta ter apenas um time. (Eu e a diretoria do Santos) Já conversamos. Vou continuar dando atenção à base, até porque treinamos praticamente juntos (no CT Rei Pelé), mas precisamos ter um grupo maior para uma competição tão longa quanto o Brasileirão – afirma o técnico.

Enquanto inicia o Nacional, Muricy tenta ser campeão pela primeira vez da Copa Santander Libertadores – está na semifinal, faltam quatro jogos. Para apagar os quatro fracassos seguidos pelo São Paulo e para estender sua supremacia ao continente.

Com a palavra:

Dadá Maravilha, campeão brasileiro pelo Internacional de Rubens Minelli, em 1975

"Minelli sabia ser boleiro como a gente"

Para conseguir um título, Minelli usava a tática mais perfeita: ser boleiro igual aos jogadores. Ele brincava com a gente, gozava todo mundo, dava liberdade com responsabilidade, e deixava todos muito à vontade. E era motivador também! E eu e os outros jogadores caímos na simpatia dele. Eu, por exemplo, era brincalhão, falava que ia fazer gol e acabava fazendo mesmo. Tem uma frase que diz: “Falai em felicidade que acabareis por ser feliz”. Porque a palavra tem poder. Está na Bíblia. Então, Minelli era assim! Ele era uma pessoa muito para cima. Ganhou o grupo e o grupo todo o abraçou.

Mauro Galvão, campeão brasileiro pelo Internacional de Ênio Andrade, em 1979

"Não tinha consciência de quanto ele era bom"

Trabalhei com Ênio Andrade no início da minha carreira, em 1979, quando conquistamos o título brasileiro, e em 1980. Eu era muito novo, tinha 17 anos quando subi para o profissional, talvez não tivesse consciência de o quanto ele era bom.  Hoje, quando me perguntam, não tenho dúvidas de que foi o melhor treinador com quem trabalhei na carreira. Sua maior qualidade era o conhecimento que ele tinha de futebol, como via e entendia o jogo. No intervalo das partidas, quando preciso, ele era decisivo. E conseguia passar para os jogadores o que estava acontecendo de forma simples.

Rogério Ceni, tricampeão brasileiro pelo São Paulo de Muricy Ramalho, 2006/08

"Ele nunca gostou de correr grandes riscos"

No São Paulo, ele sempre foi um treinador que não queria correr grandes riscos. Criou um sistema de marcação muito forte, gostava de ter time alto e investia na bola parada. Muricy cobrava, reclamava, era resmungão, mas fazia com que todos os jogadores, inclusive do ataque, voltassem para ajudar a marcação. Todos marcavam. Na verdade, ele sempre trabalhou muito mais em função do nosso time do que do adversário. Tinha aquele sistema com três zagueiros, dois alas, dois volantes, um meia e dois atacantes. E quase não mudava isso. Ele acreditava no jogador, insistia, e assim os caras acabavam correndo por ele. Nos três anos dos títulos, ele teve ótimas peças. Em 2008, com um elenco menor, usava poucos jogadores, quase não mudava. Ele acreditava naquilo e ganhava.

Rincón, campeão brasileiro pelo Corinthians de Vanderlei Luxemburgo, em 1998

"Ele sabia trabalhar a cabeça dos jogadores"

Vanderlei tinha uma forma de trabalhar a parte psicológica dos jogadores muito acentuada. A preleção era sempre mais motivacional do que qualquer outra coisa, e não costumava ser cansativa. A gente entrava em campo condicionado a vencer a partida mesmo. Como ele conhece muito de tática também, também passava direitinho o ponto chave do adversário. A gente sabia qual era a ameaça, o que podia explorar para ganhar o jogo... E o que ele previa quase sempre acontecia. Por isso, os jogadores sentiam confiança nele e confiança que podiam ganhar as partidas.

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